Médicos residentes do DF aceitam proposta e encerram greve

Médicos residentes do Distrito Federal decidiram voltar ao trabalho nesta terça-feira. A decisão foi tomada em assembléia realizada pela categoria nesta manhã, no Hospital de Base do DF (HBDF). Por unanimidade, os 143 residentes presentes aprovaram a proposta de reajuste de 27,49% feita pelo Secretário de Saúde, Geraldo Maciel, na última sexta-feira.

Ontem os residentes já haviam concordado com o reajuste, mas preferiram consultar o departamento jurídico da Associação Brasiliense dos Médicos Residentes (Abramer) antes de suspender a paralisação. A categoria queria se certificar sobre a validade da proposta, já que o reajuste seria concedido por meio de uma portaria, que poderia ser revogada.

Além da bolsa de R$ 1.459,00, os residentes recebem um auxílio moradia de 30% sobre este valor. Com o aumento, o salário passa a ser de R$ 1.879. Caso a greve nacional traga resultados ainda mais satisfatórios para a categoria, o governo se comprometeu a adotar o valor superior acordado.

De acordo com a proposta assinada pelo Secretário de Saúde, o aumento da bolsa passa a vigorar a partir de 1º de dezembro de 2006. Até o dia 20 do próximo mês, os residentes esperam ter acesso ao contra-cheque. Se a promessa do aumento não for cumprida, eles voltam a cruzar os braços.

O advogado da Abramer, Igor Starling, garantiu que o governo não poderá descumprir o acordo, mesmo com a transição. “A palavra de um administrador público na função de Secretário de Estado tem valor jurídico”, disse. O embasamento jurídico se fez necessário porque a categoria não estava confiante de que a proposta pudesse vingar. “Foi um reflexo da grande descrença com a classe política brasileira”, avaliou o presidente da Abramer, Marcus Paulo Barbosa.

Trabalho importante
Para Joanny Araújo, que está no segundo ano de residência em Clínica Médica, a greve de cinco dias serviu para provar que os residentes são peça fundamental na saúde pública brasileira e que, por isso, precisam ser valorizados. “Os hospitais não podem mais ser tão dependentes do nosso serviço”, completou a médica, ao lembrar que concilia a rotina nos hospitais com a vida acadêmica.

Presente à assembléia, o presidente da Comissão Distrital de Residência Médica, Renato Viscardi, avisou que os residentes não poderão sofrer represálias por causa da paralisação. “Quem receber ameaças deverá fazer a denúncia por escrito para que possamos investigar”, informou. Ele afirmou que desconhece casos em que residentes foram punidos pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) por esse motivo.

Fonte: Correio Web