Surto Ebola

Alunos, segundo o Harrison, o surto de doença pelo vírus Ebola já pode ser considerado o maior da história. Na África Ocidental, foram mais casos da doença em 2014 em relação a todos os outros surtos juntos! Já existem confirmados até o momento 4293 casos da doença com 2296 mortos (53% de letalidade).
Em relação à epidemiologia do surto podemos citar:

1. Falta de experiência dos governos locais para lidar com o vírus (trata-se da primeira epidemia de ebola na região);
2. Rituais locais como banhar, tocar e beijar os cadáveres facilitaram a transmissão;
3. Infraestrutura de saúde e saneamento básico precários;
4. Fronteiras pouco fiscalizadas, permitindo o alastramento do surto para outros países;
5. Dificuldade de identificar, isolar os casos suspeitos e manter quarentena em centros muito populosos, como capitais de países;

Acredita-se, entretanto, que a notificação imediata de casos suspeitos, além de suporte clínico rápido e intensivo tem ajudado a diminuir a taxa de letalidade. Outro dado importante é que classicamente os surtos de ebola são rápidos, de alta letalidade, porém de curta duração, antes mesmo do reconhecimento do patógeno. Neste surto não tem sido diferente.

O agente etiológico deste surto é o vírus Zaire ebolavirus e é considerado o de maior letalidade em relação a todas as outras espécies anteriores de Ebola, chegando a alarmantes 90% sem tratamento de suporte agressivo e com tratamento esta mortalidade chega próximo de 50% como já citado anteriormente. A transmissão do vírus é feita através do contato de líquidos corporais (sangue, fezes, vômito, saliva, sêmen…) de pacientes contaminados ou cadáveres infectados.

O quadro clínico inicia-se após período de incubação de 8-10 dias (variando de 2-21 dias) e inicia-se com sintomas inespecíficos com febre, náuseas, vômitos e diarréia. O principal sintoma é uma profunda fraqueza, associado à hipotensão causada pela perda de líquido através do trato gastrintestinal e perda de líquido para o terceiro espaço (interstício), além de desequilíbrio hidroeletrolítico importante, sobretudo a hipopotassemia grave, principal causa de óbito. Outro detalhe importante é que apenas a minoria dos casos apresenta complicações hemorrágicas.

Tendo em vista o que foi discutido anteriormente, o tratamento principal para os pacientes acometidos por Ebola é a reposição hidroeletrolítica agressiva com observação rigorosa do nível de potássio sérico. Outros tratamentos com terapias baseadas em anticorpos monoclonais (ZMapp) aind não foi utlizado em um número significativo de pacientes (6 no total com 2 óbitos), porém em estudos prévios com macacos, o índice de sobrevida foi de 100%, masmo após tratamento tardio (>5 dias após o início dos sintomas). Outros tratamentos também estão sendo testados, mas ainda são estudos preliminares.

A vacina contra o Ebola também encontra-se em ensaios pré-clínicos, com grandes expectativas devido ao sucesso nesses estudos preliminares.

Finalizando, as principais medidas para o controle do surto de Ebola ( e o que eu particularmente acho que pode cair em prova) são:

1. Pronta identificação dos casos suspeitos;
2. Isolamento imediato após identificação dos casos;
3. Adesão rigorosa aos equipamentos de proteção individuais (EPIs);
4. Suporte clínico agressivo, com reposição volêmica e rigorosa observação do nível sérico de potássio.
5. Atenção na história do paciente em relação a viagens para regiões com alta incidência de casos, valorizando as queixas inespecíficas.

Um forte abraço a todos e boa prova!

Prof Jeferson – Clínica Médica