Pesquisadores encontram molécula que desencadeia cicatrização na pele

Descoberta pode levar a novos tratamentos para cura de feridas crônicas, como em pacientes com diabetes

Pesquisadores do Scripps Research Institute, nos Estados Unidos, descobriram um importante mecanismo que leva à cicatrização da pele. O achado pode levar à criação de novos tratamentos, especialmente no caso de feridas que não cicatrizam ou que demoram muito para cicatrizar – como em pacientes diabéticos. Publicado no periódico Immunity, o estudo demonstra como um receptor nas células da pele se conecta à célula de defesa para estimular o processo de cicatrização.

O trabalho dos pesquisadores tem como enfoque as células T gama-delta, um subgrupo das células T, que fazem parte do sistema imunológico. Em casos de infecção ou machucado na pele, as células epiteliais avisam que estão danificadas para as células T gama-delta. Como resposta, as células T começam a se proliferar e secretam proteínas que estimulam a produção de novas células epiteliais na vizinhança – ajudando, assim, a reparar o machucado.

Mas, para entrar em ação, as células T gama-delta precisam de um receptor chamado CD100. Nos animais testados em laboratório, a falta desse receptor fazia com que as feridas demorassem mais para cicatrizar. A equipe de pesquisadores descobriu que é possível estimular a produção do CD100 usando uma molécula chamada plexina B2.

Potencial clínico – A descoberta é fundamental para a compreensão das funções básicas das células T. Mas pode ainda ter um importante significado médico. Feridas que não cicatrizam afetam mais de 4 milhões de pessoas só nos Estados Unidos (país onde foi feito o estudo), e são uma importante causa de amputações. Esses machucados crônicos têm um impacto significativo na vida dos pacientes e resultam em enormes custos médicos. “Se deficiências na ativação das células T gama-delta são, mesmo que em parte, responsáveis por isso, então talvez nós possamos desenvolver remédios que melhorem esse processo de ativação. Assim, será possível tratar feridas crônicas que não cicatrizam”, diz Wendy L. Havran, uma das autoras do estudo.

De acordo com a pesquisa, as células T gama-delta não estão envolvidas apenas na cicatrização. Elas poderiam ainda defender o organismo contra perigos ao tecido epitelial. “Um dos futuros objetivos da nossa pesquisa será compreender os papéis dessas moléculas no processo de ativação das células T contra infecções e tumores”, diz Wendy.