Americano recebe transplante de face mais completo da história

Quinze anos depois de ter o rosto deformado por um tiro, Richard Lee Norris ganhou novo tecido facial, dentes, maxilar, mandíbula e língua

A Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, divulgou nesta terça-feira os detalhes do transplante facial completo mais extenso realizado até hoje, que inclui não só os tecidos do rosto, do couro cabeludo à nuca, mas também o maxilar, a mandíbula os dentes e parte da língua. A cirurgia durou 36 horas e ocorreu entre os dias 19 e 20 de março, no próprio Centro Médico da instituição americana.

Quem recebeu o rosto foi Richard Lee Norris, um homem de 37 anos que reside na cidade de Hillsville, na Virgínia. Ele foi ferido em 1997 com um tiro na face e, desde aí, passou por diversas cirurgias reconstrutivas. Richard perdeu os lábios e o nariz e teve circulação limitada na região da boca. Parte de sua recuperação foi possível graças à família de um doador anônimo que doou as estruturas da face do parente morto, além de outros órgãos que foram transplantados para outros pacientes.

Em 2005, Lee procurou pela primeira vez o Centro Médico da Universidade de Maryland, para discutir possíveis reconstruções de sua face com o médico Eduardo Rodriguez, que liderou a pesquisa. Sete anos depois, Richard ganhou um rosto novo. “Nós utilizamos práticas cirúrgicas inovadoras e técnicas computadorizadas para transplantar precisamente a parte central do rosto, o osso maxilar e a mandíbula, incluindo os dentes e parte da língua”, explica Rodriguez.

Além disso, o transplante envolveu todo o tecido facial, do couro cabeludo até o pescoço, incluindo os músculos que ficam por baixo da pele, para permitir a expressão facial, e os nervos motores e sensoriais, para restaurar a função e a sensibilidade do rosto. “Nosso objetivo é recompor a função, bem como ter resultados esteticamente agradáveis”, diz o cirurgião.

A equipe é formada por médicos da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, incluindo membros da Divisão de Transplantes da instituição, que têm estudado maneiras de reduzir a rejeição de órgãos doados e minimizar os efeitos colaterais em longo prazo, além de 150 enfermeiros e outros profissionais de apoio. “Essa conquista é o resultado de mais de 10 anos de pesquisas sobre a resposta do sistema imunológico a transplantes de face, realizadas pela universidade”, diz o Dr. Stephen T. Bartlett, que participou da cirurgia.

FONTE: Veja.com