Antiarrítmicos II: O Uso de Antiarrítmicos em Situações Especiais

CardioAula - Médico escrevendo coração de ECG

O uso de fármacos deve sempre levar em consideração as características do paciente ou do grupo populacional avaliado. Isto não é diferente quanto ao uso de antiarrítmicos. Populações como gestantes, idosos, pacientes com doença cardíaca estrutural ou doença renal crônica se apresentam como indivíduos vulneráveis e com maior risco de efeitos adversos, razão pela qual devemos redobrar nossa atenção na hora de prescrever esses fármacos.

No caso das gestantes, é importante lembrarmos da classificação quanto ao risco de efeitos teratogênicos das drogas. A seguir a classificação da FDA (Food and Drug Administration) considerando o risco fetal.

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– O Tratamento medicamentoso deve ser reservado para arritmias recorrentes ou com instabilidade hemodinâmica (na Tabela 1 veremos a classificação dos antiarrítmicos neste grupo)

– Nos idosos devido as mudanças fisiológicas, haverá alterações na farmacocinética da droga diminuindo a sua absorção, metabolismo, excreção, assim como variabilidade na distribuição dependendo da água livre e gordura corporal. Por conseguinte, muitas vezes devemos ser mais cuidadosos ao dar início no tratamento assim como ao titular a dose alvo (ver Tabela 1)

– A doença estrutural cardíaca, seja ela congênita, isquêmica, valvar, hipertrofia ventricular esquerda, merece também cuidado especial na hora de utilizar antiarrítmicos

 Evite o uso de Classe IA, IC e Classe III na doença cardíaca (incluindo cardiomiopatia como disfunção ventricular, doença isquêmica) que não seja amiodarona. Nos casos de Hipertrofia Ventricular Esquerda (> 1,4cm) e função preservada, amiodarona ou sotalol são drogas de escolha

 Na doença congênita avaliar cada caso, devido a maiora dos antiarrítmicos serem inotrópicos negativos, não sendo muito bem tolerados

– Sempre avaliar função renal nos pacientes em uso de drogas antiarrítmicas (Tabela 1). Variações importantes acontecem na concentração sérica das drogas devido a maioria ter eliminação renal.
Podemos usar as seguintes fórmulas para avaliar a FG (filtração glomerular)

 Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI)

 Cockcroft-Gault fórmula (CG)

 Modification of Diet in Renal Disease (MDRD)

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Fique atento a essas informações acima…com certeza serão muito úteis para sua prática clínica como cardiologista. Até o próximo POST.

Dr. Horacio Eduardo Veronesi

– Formado em Medicina pela Universidad Nacional de Rosario (Arg)
– Residência em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP)
– Residência em Ecocardiografia pelo Instituto Nacional de Cardiologia (RJ)

Bibliografia

www.uptodate.com
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