Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial

O dia 26 de abril é a data nacional de prevenção e combate à hipertensão arterial e entrevistamos o Dr. Diógenes Alcântara, ex-coordenador de campanhas da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH). Confira a entrevista abaixo:

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão, a taxa de morte por hipertensão arterial cresceu 13,2% na última década. O que você atrela esse aumento?

Atrelo esse terrível resultado a deterioração do estilo de vida ocidental, que consiste basicamente de uma péssima alimentação e fraca atividade física.

Segundo a pesquisa de risco global da hipertensão, em 2025 haverá 1,6 bilhão de pacientes no mundo. A hipertensão arterial é responsável por 10% de todo o custo global de saúde, com o gasto estimado em US$ 370 bilhões de dólares por ano. Quais medidas poderiam reduzir os números acima?

O custo global que a hipertensão representa é devido aos seus desfechos. Os desfechos da hipertensão, quando ela não é tratada ou não é detectada a tempo de ser tratada, são principalmente infarto, AVC e insuficiência renal. Estes desfechos são muito caros, levam os pacientes a procedimentos de alto custo e internações. Por isso, esses números são exorbitantes pelo mundo. O que a pessoa precisa fazer para reduzir seus gastos pessoais e governamentais com a doença é preveni-la. Após o diagnóstico, é necessário trata-la.

CardioAula - Médico escrevendo coração de ECG

Como deve acontecer o controle da hipertensão arterial com o cardiologista?

O controle da hipertensão, em consulta ao cardiologista, se dá com as orientações ao paciente pela modificação dos hábitos de vida, podendo chegar até o acompanhamento nutricional, mudança do sedentarismo e tratamentos medicamentosos, que tem um arsenal enorme de opções que combinadas podem ser muito efetivas e, com nenhum ou pouquíssimos, efeitos colaterais.

Pesquisadores dos EUA acreditam que iniciativas comunitárias sejam importantes para combater a hipertensão. Exemplo disso, foi o treinamento que barbeiros americanos tiveram para orientar seus clientes sobre o controle da hipertensão. Depois a técnica foi aperfeiçoada para um cadastramento para controle dos medicamentos com um médico implantado no local. Você acha que seria interessante aplicar no Brasil, descobrindo local dentro das comunidades, onde as pessoas se reúnam e confiam umas nas outras?

A iniciativa americana é muito interessante, porque o hipertenso, muitas vezes, não sabe que possui a doença e só vai descobrir depois que a doença já está atacando por dentro. Até que a doença origine sintoma como dor na nuca ou outros desfechos citados na resposta anterior, ela já atuou silenciosamente durante décadas. Então a única forma de detectar, nas pessoas que não tem sintomas, é aferir a pressão arterial. Dessa forma, a pessoa consultando no clínico geral ou médico de qualquer especialidade é necessário lembra-lo de aferir a pressão arterial. Caso esteja elevada, o médico repetirá 1, 2 ou 3 vezes e, permanecendo elevada, ele encaminhará o paciente para o cardiologista. Quando nós temos uma baixa procura dos médicos para check-ups, uma vez que o paciente está assintomático, é importante que profissionais ou pessoas fora do meio médico orientem todos a aferirem a pressão, seja na farmácia, no posto de saúde (com enfermeiras para não ter necessidade de marcar consulta), ou em campanha como a da Sociedade Brasileira de Hipertensão, neste dia nacional de combate e prevenção à hipertensão arterial. Eu já tive o prazer de coordenar esta campanha, muitos anos, pela SPBH, e acontece, durante este evento, de descobrir a hipertensão arterial.

No caso do Brasil, a iniciativa popular funcionaria muito bem sendo aplicada nas igrejas de qualquer denominação com informações qualificadas e aferição de pressão. Porque este é o local onde reúne um grande número de pessoas. E ter mais campanhas, como esta do dia 26 de abril, durante o ano. É importante que as mulheres alertem os seus maridos para aferição da pressão, porque o homem procura menos o médico que a mulher, faz menos check-up e geralmente só procura o médico quando o sintoma está incomodando na sua vida pessoal ou profissional.

Quais iniciativas governamentais ajudariam a reduzir o número de hipertensos?

O governo tem os remédios básicos do tratamento de hipertensão de graça por meio do SUS, porém poderia melhorar sua eficácia, disponibilizando na Farmácia Popular mais remédios modernos, eficientes, com menos efeitos colaterais e de graça para a população. Outro ponto importante a melhorar é realizar campanhas, pelo menos semestral, de combate a hipertensão, assim como vemos campanhas contra a dengue e febre amarela, porque os números e as mortes causados pela hipertensão são muito maiores do que as doenças infecciosas.

Como prevenir a hipertensão arterial?

Para prevenir a hipertensão deve-se manter com o corpo saudável, com IMC dentro do recomendado, alimentação saudável, praticar atividade física, utilizar temperos de ervas para substituir o sal na comida e aferir a pressão pelo menos uma vez ao ano de forma a não ser pego de surpresa, já que algumas pessoas mesmo com estilo de vida saudável, por questão de carga genética, podem desenvolver a pressão alta.

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