Vale a pena aprender mais

O crescimento do sistema de educação a distância em nosso País é uma realidade como atenta a Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED), ao destacar que, em 2005, havia cerca de 500 mil alunos e,no ano passado, este número cresceu para 778.458 estudantes.

Apesar disso, o secretário de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky, destaca que a expansão desta modalidade de ensino deve acontecer em curto prazo. “É preciso manter a qualidade para consolidar o sistema”,

Ainda segundo Bielschowsky, a secretaria desenvolveu um documento com indicadores de qualidade para cursos de graduação a distância, disponibilizado no site do ministério (portal.mec.gov.br).

Educação via satélite

Em telões colocados nos centros associados às instituições de ensino, alunos assistem às aulas ministradas por um professor conteudista, em parceria com tutores. O sistema utiliza transmissão via satélite e possibilita o acesso aos cursos de graduação, pós-graduação, mestrado ou MBA, em qualquer ponto do País.

O professor conteudista e o tutor virtual interagem com os alunos, ao vivo, por um 0800 (telefone gratuito) ou por e-mail e fax. Já o tutor local orienta o estudo a distância e os trabalhos acadêmicos, além de aplicar provas presenciais. Chats e fóruns de discussão também são muito utilizados para a troca de conteúdo ou esclarecimento de dúvidas.

Os alunos recebem o material didático, seja via internet, CD-ROM ou impresso. Vídeos e outras ferramentas também facilitam o acesso à informação. A maioria das instituições oferece bibliotecas on-line, com revistas, artigos e materiais complementares. Mais um recurso utilizado são os jogos virtuais.

Quanto às dúvidas durante as aulas, os estudantes têm retorno das tutorias das instituições de ensino. “Enviamos perguntas aos professores que as respondem ao vivo”, conta o proprietário de um dos centros associados, o Centro de Estudos em Educação, Linguagem e Literatura (CEELL) de Brasília, Alexandre Pilati, acrescentando que questionamentos adicionais (fora do horário de aula) são respondidos, posteriormente pelos tutores, ou no plantão de dúvidas.

No ensino virtual, o aluno não precisa estudar somente pelo computador, pois recebe o material impresso. “A aula é pela internet, mas o conteúdo está disponível por vários meios”, lembra Rodrigo Chulvis Lima, representante da Universidade Gama Filho.

O diferencial da aula virtual é que o aluno faz o seu horário. “Eu posso assistir as aulas no horário que quiser, mas o dia é determinado pela faculdade”, afirma Frederick Ribeiro de Freitas, aluno do MBA em O perações e serviços.
Para os alunos, há dificuldades no estudo a distância.

Frederick reclama da comunicação. “Se você não entende uma aula e envia a pergunta para o tutor, ele tem 24 horas para responder. Como você acompanhará a aula do dia seguinte sem entender a anterior?”

A questão técnica também atrapalha, pois alguns estudantes têm dificuldade em manusear os softwares ou interagir pelos chats ou fóruns. A internet também atrapalha em alguns casos. “Fiquei uns dias sem computador e não pude repor o conteúdo”, diz Frederick.

A avaliações são feitas via internet, ou presencialmente. Algumas instituições exigem a apresentação do Trabalho de Conclusão do Curso (TCC), que na maioria dos casos, é presencial. Várias instituições disponibilizam cursos a distância.

Uma classe especial

Uma turma especial de graduação em Pedagogia foi montada no Centro de Estudos em Educação, Linguagem e Literatura (CEELL), no Guará. Formada na maioria por alunos da terceira idade, a turma reúne cerca de 80 pessoas. “Esta classe foi constituída em 2005.

No início eram apenas 15 idosos, depois eles convidaram os amigos e o grupo cresceu”, diz uma das proprietárias do centro, Eloisa Pilati, destacando que esta turma recebe atenção especial devido as restrições da idade.

“Fazemos cópias das aulas, damos reforços gratuitos e temos orientadores para auxiliar os alunos sempre que precisarem”, afirma Eloisa. A servidora pública Dinês Rodrigues de Alvarenga, 60 anos, é prova da necessidade de um atendimento diferenciado. “Nossa cabeça não é mais criança.

Há muito conteúdo e temos dificuldades para acompanhar o ritmo dos colegas”, fala Dinês. Para ela, o reforço ajuda a tirar as dúvidas. “Sempre temos um colega que reúne as perguntas do grupo e as faz aos tutores pelo 0800. Depois, ele repassa ao grupo”, confirma a aluna.

Dinês mostra a diferença de ser graduada. “Antes eu não lia um jornal, agora, abri minha mente. As pessoas me respeitam e me sinto importante”.

O ensino a distância viabilizou para uma camada da sociedade a possibilidade de retorno aos estudos. A também servidora pública Maria das Graças Ferreira, 57 anos, ficou alguns anos sem estudar, e só pôde voltar à atividade com este novo perfil de curso, o ensino a distância.

Ela conta que não tinha tempo e nem recursos para estudar. “Pensei que isto não estaria a meu alcance novamente. Uma amiga me deu de presente a inscrição e não quero parar. Cresci muito”, afirma.

Maria das Graças, que trabalha no Centro de Ensino II do Guará fala que aceitou o presente da amiga para satisfação própria, mas que não pretende parar por aí. “Vou fazer pós em Psicopedagogia. Chique né!”, brinca.

O CEELL abriu uma turma de graduação em gestão pública em parceria com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU). “Fazemos parcerias com grandes grupos para viabilizar o ensino”, diz a sócia Eloisa.

Ela explica que começou com 28 alunos na graduação e que em menos de um ano atingiu 170. “Hoje temos 800 alunos só em Brasília. Queremos que nossa cidade seja centro de referência nacional em estudo à distância”, sonha Eloisa.

Fonte: ComuniWEB