Terapia genética se mostra eficaz contra o HIV, mesmo 11 anos depois de ser aplicada

Pesquisa mostra que tratamento é seguro no longo prazo e que pode ser usado no futuro para combater outras doenças, como o câncer

Mais de uma década depois de receber a terapia genética, um grupo de pacientes com HIV está saudável, sem sofrer com nenhum efeito colateral do tratamento. Mesmo assim, eles ainda têm de tomar medicamentos antirretrovirais. Esse é o resultado de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, que pretendeu medir a segurança da terapia genética no longo prazo.

Não existe nenhuma cura para o HIV, mas cada vez mais os cientistas buscam terapias capazes de manter o vírus sob controle por longos períodos de tempo, para que os pacientes não tenham que tomar remédios diariamente. Um dos mais promissores desses tratamentos é a terapia genética, que poderia melhorar o desempenho do sistema imunológico do paciente contra o HIV. Por meio de um retrovírus modificado os cientistas poderiam causar mudanças no DNA das células de defesa dos pacientes e ajudá-las a enfrentar a doença. No entanto, os primeiros testes com esse tipo de procedimento não foram animadores – parte dos voluntários desenvolveu leucemia com o passar do tempo.

Agora, a equipe de cientistas analisou a saúde de 43 voluntários em três pesquisas feitas há 11 anos. Cada um deles recebeu versões geneticamente alteradas de suas próprias células T, glóbulos brancos extremamente importantes no sistema imunológico. Usando vetores retrovirais, cientistas fizeram com alguns genes dessas células fossem trocados. Assim, elas passaram a ser capazes de reconhecer o vírus da AIDS e atacar células infectadas com ele.

Os pesquisadores perceberam que, 11 anos depois, todos os voluntários estavam saudáveis, apesar de ainda enfrentar o HIV. As células imunológicas geneticamente modificadas ainda estavam presentes em 98% deles. “Estão todos saudáveis”, disse Carl June, coordenador do estudo. A pesquisa foi publicada na revista Science Translational Medicine.

O resultado mostrou que nem todas as terapias genéticas com vetores retrovirais são tóxicas ao corpo. Outros fatores, como o tipo de gene usado e a célula alvo do tratamento, podem ser responsáveis pelos casos anteriores de leucemia. Segundo os pesquisadores, isso deve levar a mais pesquisas na área, e ao desenvolvimento de novos tratamentos com terapia genética para enfrentar outras doenças, como o câncer.