Sul e Sudeste concentram 72% dos médicos do Brasil

Por Catarina Alencastro

BRASÍLIA – O Brasil não tem falta de médicos, mas os profissionais estão mal distribuídos pelo território nacional. Esta é a conclusão do Conselho Federal de Medicina (CFM), que avaliou a concentração dos médicos na série histórica de 2000 a 2009. A maioria desses profissionais está localizada no Sul e Sudeste do Brasil, onde 72% deles exercem a profissão. No Nordeste estão 17% dos médicos brasileiros, no Centro-Oeste, 7% e no Norte, somente 4%. A unidade da federação com melhor proporção de médicos por habitante é o DF, com um médico para cada 297 pessoas. Em seguida vem o estado do Rio de Janeiro, com um médico para 376 habitantes, e São Paulo, com um médico para 411 pessoas.

A pior situação acontece em Roraima, onde há apenas um médico para 10.306 pessoas. No estado, 89% desses profissionais se encontram na capital, Boa Vista. O índice é pior do que o encontrado em Guiné-Bissau, onde a proporção é de um médico para cada 8.333 habitantes. A média brasileira é de um médico para 578 pessoas. A Organização Mundial da Saúde recomenda que haja pelo menos um médico para cada mil habitantes. O CFM, no entanto, diz que esse dado está bastante defasado.

Para solucionar a distorção entre as regiões brasileiras, o CFM sugere que o governo crie um plano de carreira para os médicos do SUS, incentivando os recém-formados a iniciarem suas vidas profissionais no interior dos estados.

– O médico tem que sentir que tem uma carreira a ser seguida, que hoje ele está no interior, mas à medida que ele vai crescendo, vai se gabaritando para ir para os grandes centros – afirmou Desiré Callegari, primeiro secretário do CFM.

Além do plano de carreira, que é objeto de um projeto que tramita na Câmara, Callegari diz que faltam investimentos em equipamentos. Segundo ele, o Ministério da Educação tem um papel importante nessa redistribuição de médicos, oferecendo bolsas de residência médica nos locais e especialidades onde há mais carência.

– O que temos hoje é uma colcha de retalhos. Ainda não temos a solução definitiva – avalia.

O CFM também observou que vem ocorrendo a gradativa dominação das mulheres na profissão. Hoje, segundo o conselho, 54% dos novos médicos são do sexo feminino.

Fonte: O Globo – http://oglobo.globo.com/