Saúde abre novos campos de trabalho

Pesquisas científicas. Desenvolvimento de tecnologias para diagnósticos e tratamentos de doenças. Maior preocupação das pessoas com sua qualidade de vida. O resultado de tantos progressos na área da saúde é o surgimento de novas especialidades e campos de trabalho para médicos, odontologistas e fisioterapeutas, entre outros profissionais.

Poucos, por exemplo, conhecem a cosmecêutica, fusão entre as indústrias farmacêutica e a cosmética. Pois esse é um mercado que vem atraindo muitos dermatologistas e cirurgiões plásticos e que não pára de crescer. A medicina do esporte e a medicina do tráfego, especialidades já reconhecidas oficialmente, vêm sendo procuradas não só por quem vai fazer residência médica, como por profissionais já formados, a nível de pós-graduação.

Ortopedistas e traumatologistas apostam no filão da medicina do esporte. Já clínicos e médicos do trabalho investem nos estudos da medicina do tráfego, que trata da manutenção do bem-estar físico e psíquico do motorista – exemplifica Paulo Cesar Geraldes, presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CRM-RJ).

Especialista em medicina do esporte e diretor do Sindicato dos Médicos do Rio, José Antônio Romano chama a atenção para as oportunidades que devem ser abertas com a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio:

Apostamos num investimento maior dos clubes nas diferentes modalidades esportivas, o que deve abrir vagas para especialistas dessa área. Nos Jogos Sul-Americanos, praticamente todos os médicos de esporte da cidade fizeram plantão como voluntários e éramos no máximo 50.

Romano lembra que ainda não há residência em medicina do esporte no Estado do Rio, só cursos de pós-graduação. Neste caso, para obter o título, o profissional faz uma prova da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.

Terapias alternativas ganham mais força

Na profissão de cirurgião-dentista – que há cinco anos reconheceu cinco novas especialidades, passando a um total de 19 – a odontogeriatria é uma das que tem maior potencial de crescimento, afirma o vice-presidente do Conselho Regional de Odontologia do Rio (CRO-RJ), Afonso Rocha, que é cirurgião-dentista especializado em estomatologia.

Isso graças ao aumento da expectativa de vida do brasileiro. Esses pacientes necessitam de cuidados especiais, já que fazem uso de medicamentos que podem interferir no tratamento.

Uma maior atenção das empresas para as doenças de funcionários relacionadas à saúde bucal vem resultando também em maiores investimentos em departamentos odontológicos. E, conseqüentemente, em vagas para especialistas em odontologia do trabalho:

Esse profissional pode atuar tanto em organizações como em operadoras de plano de saúde, empresas de consultoria, auditoria e certificação de saúde ocupacional e órgãos fiscalizadores – explica Maria Cristina Lima, presidente da Associação Brasileira de Odontologia do Trabalho (ABOT), que atua na área de auditoria da qualidade voltada para empresas.

Rocha, do CRO, lembra que as terapias complementares, que auxiliam na busca pela qualidade de vida, também passam a ser aplicadas por profissionais formados em odontologia:

Assim, há dentistas que se especializam em acupuntura, homeopatia, fitoterapia e hipnose.

Mais recente das formações biomédicas, a fisioterapia é também a que mais se desenvolve, destaca Wilen Heil de Silva, diretor do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro (Crefito 2).

Há muitas novas possibilidades, como a ergonomia ou fisioterapia do trabalho, a dermato-funcional (tratamentos fisioterapêuticos de alterações estéticas), a fisioterapia desportiva e a orofacial (relativa a boca e face) – diz Silva, lembrando que a fisioterapia emprega ainda muitos profissionais na aplicação de tratamentos alternativos, como hidroterapia (pela água), termoterapia (pelo calor) e cinesioterapia (pelos movimentos).

Fonte: Jornal O Globo