Revisão da Diretriz de Perioperatório: procedimentos odontológicos

Vamos começar pelos procedimentos de baixo risco e suas peculiaridades.

Quem nunca recebeu uma solicitação cardiológica de um dentista para um procedimento eletivo a ser realizado.

A presença de focos infecciosos na cavidade bucal pode representar um fator de complicação pós-operatória.

A incidência de bacteremias odontogênicas aumenta significativamente na presença de focos infecciosos, como na doença periodontal e em lesões endodônticas.


Indivíduos portadores de marca-passo e CDI não sofrem alterações com uso dos motores de alta ou baixa rotação,
amalgamador, teste pulpar elétrico, escova dental elétrica, ultrassom endodôntico, ultrassom periodontal e raio X.

O uso de bisturi elétrico tem orientações específicas já discutido em seção específica nessa diretriz. Mais estudos são necessários quanto ao possível efeito do laser em marca-passos.

Lidocaína com epinefrina tem sido o anestésico local mais utilizado em todo o mundo.

Embora a interação de epinefrina com betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, diuréticos e cocaína seja relatada na literatura, o uso de dois a três tubetes de lidocaína a 2,0% com 1:100.000 de epinefrina (36-54 μg de epinefrina) em uma consulta parece ser bem tolerado na maioria dos pacientes.

Isso também vale para indivíduos com hipertensão ou outras DCV, nas quais a utilização deste vasoconstritor parece ter mais benefícios do que riscos.

Ou seja, usar anestésico + vasoconstritor é indicado.

A varfarina não deve ser descontinuada na maioria dos pacientes submetidos a procedimentos odontológicos, incluindo extrações dentárias.


Uma metanálise e estudos menores têm demonstrado segurança na realização de procedimentos dentários em pacientes anticoagulados com Razão Normalizada Internacional (RNI) < 4,0, com a utilização de medidas locais para redução do sangramento.

Procedimentos de maior extensão e, consequentemente, maior risco de sangramento, como, por exemplo, extração de mais de três dentes, devem ter avaliação individualizada, de acordo com o risco trombótico de cada paciente, para definição de suspensão de terapia e possível terapia de ponte.

Vamos as orientações:

Os antibióticos habitualmente utilizados para esse fim podem interferir no metabolismo dos anticoagulantes orais, notadamente a varfarina.

Vamos a um exemplo de carta ao dentista em relação a sua solicitação.

http://blog.cardioaula.com.br/wp-content/uploads/2020/04/PDF.pdf

Vimos como lidar com procedimento de baixo risco e suas particularidades. Procedimentos que são muito frequentes na prática clínica quando consideramos avaliação pré-procedimento. Aproveitem e aprimorem a carta que deixamos em relação aos procedimentos dentários.


Dr. Halsted Gomes

• Médido da UCO e de Unidade pós operatório
• Especialista em Ecocardiografia Básica, Avançada e Ecocardiografia Transesofágica
• Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.