Remédio encontra vírus do HIV que está inativo no corpo

Procedimento é um passo importante na busca pela cura da doença

Um medicamento usado para tratar alguns tipos de câncer do sistema linfático (linfomas) consegue desalojar os vírus HIV escondidos no organismo de pacientes em tratamento com antirretrovirais. A pesquisa, publicada na revista Nature por cientistas da Universidade da Carolina do Norte, é um importante passo na direção da cura da aids.

Durante o tratamento com uso de antirretrovirais, um dos principais motivos pelos quais as infecções reemergem depois que se para com a medicação é a existência de vírus adormecidos no sistema imunológico. Essas reservas, que se matêm escondidas no organismo, passam despercebidas pelas drogas antirretrovirais. Assim, quando o tratamento é interrompido, esses vírus voltam a se proliferar e a infectar o organismo. Conseguir encontrar e atacar esses vírus latentes pode ser um dos primeiros passos no desenvolvimento de terapias que levem à cura da doença.

Pesquisa – Na tentativa de encontrar mecanismos que levassem à descoberta das reservas latentes do vírus, os pesquisadores norte-americanos fizerem uma série de experimentos de avaliação do potencial da droga vorinostat para ativar e atacar os vírus dormentes. O remédio é um inibidor da enzima histona desacetilase, e é usado originalmente para tratar alguns tipos de linfoma.

Os primeiros testes mostraram que o remédio desmascarou o HIV que estava inativo em células de defesa usadas pelo vírus para se reproduzir. Num segundo momento, a droga foi administrada em oito homens infectados com a doença, que passavam por uma terapia com antirretrovirais e estavam clinicamente estáveis. Os níveis do vírus foram medidos antes e depois da administração do vorinostat. Ao analisar as células de defesa desses pacientes, o estudo constatou um nível 4,5 vezes maior nos níveis de RNA do HIV encontrado dentro delas, mostrando que o vírus havia sido desmascarado.

Esse é o primeiro estudo publicado a mostrar o potencial dessa droga em atacar vírus dormentes. “Essa pesquisa mostra evidências convincentes de uma nova estratégia para atacar diretamente e erradicar infecções latentes de HIV”, diz o médico David Margolis, professor da Universidade da Carolina do Norte e líder do estudo.