Remédio em teste aumenta sobrevida de paciente com câncer cerebral

Pacientes do Hospital Federal de Ipanema, no Rio de Janeiro, participarão da terceira fase de testes de um novo remédio para tratamento do tipo mais letal de tumor maligno de cérebro, o glioblastoma multiforme (GBM). O medicamento, feito com álcool perílico – extraído de óleo essencial presente em plantas como hortelã, cereja e sálvia -, aumenta em até 61% a sobrevida do paciente.

Em média, a sobrevida após o diagnóstico do GBM, que corresponde a 80% dos casos de tumores malignos cerebrais, é de 2,3 meses. Com o tratamento, esse tempo aumentou para 3,7 meses.

O neurocirurgião Júlio César Thomé, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital de Ipanema, disse que se trata de um grande avanço.

– Parece pouco, mas esse tempo se traduz em uma oportunidade ao paciente. A resposta terapêutica faz com que ele ganhe tempo para fazer radioterapia, uma quimioterapia mais específica ou passar por uma cirurgia, se for um tumor superficial. Ele ganha poder de resistência para tratar a patologia grave.

O quimioterápico testado é o monoterpenoalcool perílico, que começou a ser estudado em 1987 no Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense, do qual Thomé é pesquisador associado.

O álcool perílico é inalado, como em uma nebulização, quatro vezes ao dia. O medicamento é enviado para a casa do paciente, pelo correio. O tratamento não causa perda de cabelo, náuseas e vômitos, como outros quimioterápicos.