Área do cérebro que interpreta a fala fica em local diferente, diz estudo

Região no córtex cerebral fica a 3 centímetros do local tido como correto.
Grupo de cientistas analisou 115 imagens de ressonâncias e tomografias.

A área responsável pela compreensão da fala e da linguagem escrita fica, na verdade, a 3 centímetros de distância do local que os livros de medicina apontam, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira na revista da Academia Americana de Ciências (PNAS).
Antes da pesquisa, havia consenso entre os pesquisadores sobre onde ficava a Área de Wernicke, local onde o discurso falado ou escrito é interpretadodentro do córtex cerebral. A região recebeu este nome em homenagem ao cientista alemão Karl Wernicke, responsável por desvendá-la no século 19.

Mas cientistas do Centro Médico da Universidade de Georgetown, na capital dos Estados Unidos, analisaram 115 ressonâncias magnéticas e tomografias de cérebros humanos e acreditam que a Área de Wernicke está, na verdade, mais próxima da parte frontal do cérebro e no lado oposto da parte do córtex cerebral ligada à audição.
Para Josef Rauschecker, um dos autores da pesquisa, a descoberta é um “soco nocauteador” no conhecimento anterior sobre a interpretação da fala e da escrita e afirma que os “livros didáticos precisarão ser escritos novamente”. Os exames de imagens dizem respeito aos cérebros de 1,9 mil pessoas e representam mais de 800 coordenadas do cérebro para a interpretação da fala.
Tamanha confiança tem um motivo: a descoberta provaria que a Área de Wernicke em humanos está localizada em um lugar parecido nos primatas não humanos, o que pode indicar que a origem da linguagem seria parecida entre homens e macacos.
A descoberta pode servir para identificar a origem do dano ao cérebro em pacientes que não conseguem falar ou comprender aquilo que lê ou escuta, segundo Rauschecker.
Para Iain DeWitt, outro autor do estudo, os demais cientistas se recusavam a contradizer um século de conhecimentos sobre a Área de Wernicke apenas com base nas evidências recentes que os exames de imagens traziam desde que o cérebro começou a ser estudado com ressonâncias e tomografias, no início da década de 1990.

FONTE:g1.globo