Prova prática na Residência Médica

Instituída em agosto de 2004, pela Resolução 008/04 da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), a avaliação prática é opcional, a critério da instituição de ensino. A nova medida mantém a obrigatoriedade da prova teórica, mas nas faculdades que fazem a opção, o exame escrito é aplicado na primeira fase, com peso de 50% na avaliação geral e o prático, na segunda, com peso de 40% a 50% na nota final. Também a critério da instituição, 10% do total da nota pode ser destinado à avaliação curricular do aluno.

A coordenadora de residência médica da USP e conselheira do Cremesp, Maria do Patrocínio Tenório Nunes, considera a prova prática fundamental para a área da Medicina. “Ela contempla habilidades e atitudes dos alunos e não apenas o conhecimento cognitivo, avaliado por meio de prova escrita.” Segundo ela, um dos maiores méritos do exame é apresentar questões baseadas em casos clínicos reais e atuais da medicina brasileira.

Prova prática

O Jornal do Cremesp apurou a aplicação da prova prática – nos moldes da Resolução da CNRM – em quatro faculdades públicas do Estado de São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM), Faculdade de Medicina de Marília (Famema) e Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.

A primeira a efetuar o exame foi a Faculdade de Ribeirão Preto, em 27 de novembro último. Os 454 alunos aprovados no exame escrito passaram pela avaliação prática para preencher as 150 vagas da Residência. Para a aplicação da prova, foram montadas 10 estações práticas no Hospital das Clínicas, sendo duas para cada área básica- Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria, Medicina Preventiva Social e Ginecologia/Obstetrícia. A avaliação durou, em média, cinco horas e meia. A presidente da Comissão de Residência Médica de Ribeirão Preto, Maria Cristina Feres, avaliou que o resultado geral foi positivo como primeira experiência. “Mas já estamos estudando pequenas mudanças para a próxima prova”, adiantou ela. “Por ser a primeira prova, achávamos que teríamos muitos questionamentos por parte dos alunos quanto à organização, mas isso não aconteceu”, revela Maria Cristina.

Na Faculdade de Medicina da USP a prova prática foi realizada em 19 de dezembro. Foram avaliados 1.005 candidatos, sendo 636 para os programas de acesso direto, 98 para as especialidades cirúrgicas, 250 para especialidades clínicas e 21 para outras áreas. O Programa de Residência Médica do HC/Fmusp oferecia um total de 403 vagas para 2005.

Segundo dados fornecidos pela vice-coordenadora de Residência Médica do HC/Fmusp, Thelma Suely Okay, a aplicação do exame durou, em média, seis horas. Cada aluno passou por 10 estações de avaliação. A prova compreendeu duas questões de Clínica Médica, duas de Cirurgia, duas de Pediatria, duas de Medicina Preventiva, uma de Obstetrícia e uma de Ginecologia – cada uma delas com duração de seis minutos.

Segundo o professor titular de Clínica Médica da Fmusp, Milton de Arruda Martins, o resultado final do teste foi acima do esperado. Ele destacou que o processo envolveu muita gente, tanto alunos como docentes. O exame foi aplicado por professores da instituição e contou também com a colaboração de observadores externos, em geral, professores de outras escolas médicas que fizeram inscrição para participar do processo.

Habilidade

Na Unifesp, os alunos foram submetidos ao exame em 3 de dezembro, no anfiteatro da Escola Paulista de Medicina a avaliação contou com 450 inscritos para um total de 150 vagas na Residência. Os estudantes foram divididos em duas turmas (manhã e tarde) para a realização das três etapas do teste que consistem em provas de habilidade, simulando o atendimento em um boneco; interatividade, na qual o aluno responde a 30 questões em 30 minutos e, por fim, a prova de vídeo, na qual responde a questões relacionadas a um filme que mostra um atendimento médico. “A prova consiste na avaliação da prática médica e da rapidez com que os alunos conseguem apresentar o diagnóstico e resolver um caso”, informa o presidente da Comissão Nacional de Residência Médica e professor adjunto da disciplina de Otorrinolaringologia da Unifesp, Arnaldo Guilherme.

A Faculdade de Marília (Famema) fez a avaliação prática entre os dias 3 e 13 de janeiro deste ano. Foram avaliados 300 candidatos a 86 vagas de Residência. Segundo Tarcísio Adilson Machado, coordenador dos 5° e 6° anos do curso de Medicina da Faculdade, foram criadas cinco estações ambulatoriais na área de treinamento do Hospital das Clínicas para a realização do teste. Os estudantes foram avaliados individualmente durante uma hora em cada estação, totalizando cinco horas de exame prático. Nesse período, o candidato a residente foi avaliado em 17 aspectos diferentes, entre eles o acolhimento ao paciente e o raciocínio clínico. Tarcísio afirma que 95% dos candidatos e dos docentes aprovaram o teste prático, apesar das queixas de alguns alunos de que se sentiram pressionados e apreensivos por ter de responder 30 questões em apenas 30 minutos.

Fonte:Proteja-sa.org.br