Pesquisa relaciona baixo nível de hormônio a diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares

Estudo mostrou que quanto menor a quantidade do hormônio andropina no organismo de uma pessoa, maior o número de fatores de risco para doenças associadas à síndrome metabólica, como hipertensão e colesterol alto

Um estudo feito no Instituto de Pesquisas Scripps, na Flórida, Estados Unidos, encontrou, pela primeira vez, uma relação entre baixos níveis de um determinado hormônio e um maior risco de doenças associadas à síndrome metabólica, como as cardiovasculares e o diabetes. De acordo com os autores, esse achado pode ajudar a encontrar novas alternativas para tratar os fatores de risco que levam a essas condições, inclusive a obesidade. A pesquisa foi publicada na edição deste mês do periódico The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

O hormônio em questão é a adropina (adropin, em inglês), descoberto recentemente. Acredita-se que a substância tenha um papel importante na regulação do metabolismo e dos níveis de glicose no sangue. Em estudos feitos anteriormente pela mesma equipe, os pesquisadores mostraram que camundongos que foram induzidos à deficiência desse hormônio desenvolveram resistência à insulina e, consequentemente, apresentaram um maior risco de diabetes tipo 2.

Os autores também observaram que animais obesos tinham níveis extremamente baixos da substância, e que a aplicação de injeções contendo adropina foi capaz de reverter a resistência à insulina.

Dessa vez, a pesquisa foi feita com seres humanos e envolveu, ao todo, 120 homens e mulheres de 18 a 70 anos de idade. Segundo os autores, os menores níveis de adropina foram observados nos participantes que apresentavam o maior número de fatores de risco para síndrome metabólica – hipertensão, açúcar elevado no sangue, excesso de gordura abdominal, baixo nível de bom colesterol e índices elevados de ácidos graxos.

Diferenças de gênero – Os pesquisadores também descobriram que, entre as pessoas com peso normal, as mulheres foram as que apresentaram as menores quantidades do hormônio. Por outro lado, entre os participantes obesos, as menores quantidades de adropina foi encontrada entre o sexo masculino. Segundo os autores do estudo, esses resultados são surpreendentes, mas ainda não está claro o que provoca essas diferenças.

O trabalho também indicou que os níveis desse hormônio tendem a diminuir com a idade, especialmente após os 30 anos. “Os dados desse estudo fornece fortes evidências de que baixos níveis de adropina podem ser indicadores de risco para a resistência à insulina e, consequentemente, um risco aumentado para doenças metabólicas, incluindo diabetes tipo 2”, disse Andrew Butler, coordenador da pesquisa.