Esse tema veio em questão no ano de 2019 após alguns dados interessantes sobre o assunto e devido à escassez de dados robustos.
Vamos ao problema!
A parada cardíaca extra-hospitalar é a principal causa de morte nos EUA e na Europa.
Entra os pacientes que retornam à circulação espontânea existe ainda uma mortalidade evolutiva de 40%. Sabendo que a principal causa de PCR é a doença isquêmica do coração, e que a doença coronária se apresenta evidente em até 70% dos pacientes com PCR extra-hospitalar, é muito lógico pensar que todos os pacientes devem ir para a cineangiocoronariografia e o mais rápido possível.
Vamos aos dados presentes nos Guidelines:
Ou seja, para o infarto com supra existe o consenso de angiografia precoce, também presente em nossa Diretriz da 2019.
Porém em pacientes sem supra do ST é que existia uma grande lacuna, sendo que a grande parte do que sabíamos derivava de estudos observacionais e estudos não randomizados. Vejamos:
Precisávamos de estudos para responder a essa grande dúvida.
E em 2019 ele veio!
Devemos sempre olhar o Baseline dos grupos para avaliar se eles são comparáveis ou não. O desfecho dos estudos era considerado um desfecho “duro” – sobrevida em 90 dias.
Idades semelhantes, comorbidades semelhantes, uma grande quantidade de PCR presenciada. Isso é importante determinante de sobrevida.
Porcentagem de cateterismo no grupo intervenção precoce: 97% x 65% no grupo intervenção tardia.
E qual a diferença de tempo entre os grupos?
Horas versus dias – uma diferença e tanto não é?
65% de DAC nos 2 grupos, sendo que a maioria permaneceu em tratamento clínico.
E o desfecho final:
Ou seja, mesmo sabendo que a maioria dos pacientes que retornam à circulação espontânea sem alterações de supra ST apresentam doença coronária de base. A indicação de um procedimento invasivo precoce não trouxe benefício, ficando talvez a orientação de estabilização clínica inicial em ambiente de UTI, com indicação de cateterismo programado.
Lembrando novamente que foram excluídos do estudo.
Pacientes com choque cardiogênico, doença renal grave e ritmos não chocáveis (algo para um estudo futuro).
Um artigo excelente que deve orientar os médicos emergencistas e intensivistas (sempre considerando o julgamento clínico e a prática da instituição de trabalho).
Dr. Halsted Gomes
- Médido da UCO e de Unidade pós operatório
- Especialista em Ecocardiografia Básica, Avançada e Ecocardiografia Transesofágica
- Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.