Médicos residentes paralisam para reivindicar reajuste

Com o objetivo de chamar a atenção da comunidade para o descaso do governo federal que não chega a um acordo com a classe para negociar o reajuste salarial, os mais de 80 médicos residentes de Pelotas se uniram ao demais colegas de todo o país e paralisaram as atividades ontem.

O protesto teve início às 8h e se estende até o mesmo horário no dia de hoje. Em algumas cidades, no entanto, o movimento foi realizado desde quarta-feira. Em Pelotas, os profissionais que atuam no Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) e Hospital Universitário São Francisco de Paula da Universidade Católica de Pelotas (HUSFP/UCPel) permaneceram durante toda a manhã em frente à Fundação de Apoio Universitário (FAU).

Faixas afixadas em frente ao prédio ressaltavam a indignação da classe. Os médicos também distribuíram panfletos à população para justificar o movimento. Um dos coordenadores, Paulo César Moschetta, explica que com a paralisação nenhum paciente deixou de ser atendido. O serviço foi prestado por estudantes e professores das faculdades de Medicina. “No dia de hoje eles sentirão a nossa falta”, reforça.
Moschetta ressalta ainda que um dado importante – muitas vezes desconhecido da população – é que 70% dos atendimentos primários, via Sistema Único de Saúde (SUS), no país passam pelas mãos dos residentes.

Em 2001, quando houve outro manifesto, a classe permaneceu 42 dias parada, lembra. “O principal objetivo do movimento é mostrar a força que temos e reivindicar pelo reajuste salarial de 48,24% referentes ao índice do IGPM dos últimos quatro anos”, complementa o médico.

O valor da bolsa que os médicos recebem hoje do governo federal é R$ 1.479,19 para uma jornada de 60 horas semanais de trabalho e um plantão semanal de 24 horas. Entretanto, com os descontos, o líquido acaba em R$ 1.312,00 e muitos médicos chegam a fazer três plantões por semana, diz Moschetta. Pelo aumento solicitado o piso passaria para R$ 2,2 mil. O residente ainda esclarece que o movimento não é contra as direções dos hospitais-escolas locais e sim contra o governo que é quem paga as bolsas.
Confira outras reivindicações dos médicos

# Valorização da Residência Médica e do médico residente que tem papel decisivo na garantia da qualidade do atendimento prestado aos pacientes do SUS.
# Reajuste da bolsa-auxílio.
# Suspensão e ressarcimento imediatos do desconto compulsório do INSS.
# Cumprimento da carga horária máxima de 60 horas semanais prevista em lei.
# Condições dignas de trabalho.

Fonte: Diário Popular