IAM COM SUPRA – USO DE FIBRINOLÍTICOS: O que realmente devo saber?

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Após uma detalhada revisão sobre o tratamento percutâneo do IAMSST, realizada no artigo anterior, vamos nos ater agora a terapia fibrinolítica. Classicamente embasada, na década de 90, após uma extensa revisão realizada pelo Fibrinolytic Therapy Trialists (FTT) Collaborative Group que demonstrou uma redução de 18% na mortalidade em apenas 35 dias, essa terapia ainda se apresenta como uma medida eficaz e de grande utilidade nos centros médicos em que não dispomos de hemodinâmica 24 horas / 7 dias por semana – Lembrar que sempre que possível, disponível e factível a angioplastia primária é o tratamento de escolha.

Vamos então ao que interessa.

TEMPO É MUSCULO: Diante de um caso de IAMSST que não for possível realizar a estratificação invasiva dentro de no máximo 120 minutos do diagnóstico clínico-eletrocardiográfico a terapia fibrinolítica será a terapia de escolha.

Tipos de fibrinolíticos disponíveis no Brasil:

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Figura 1 – SK: estreptoquinase; SG: soro glicosado; SF: soro fisiológico; HNF: heparina não fracionada; tPA: alteplase; EV: endovenosa; TNK-tPA: tenecteplase.

Importante!!! A anticoagulação plena deve ser suspensa após a ATC primária.

 Pacientes que após a fibrinólise com sucesso que por algum motivo não realizaram angioplastia, devem ser mantidos com heparina de baixo peso molecular (enoxaparina), durante toda internação, até o tempo máximo de 8 dias. A terapia fibrinolítica apesar de eficaz apresenta apenas uma moderada taxa de fluxo TIMI grau 2 e 3, por isso mantemos a anticoagulação mesmo após a sua realização.

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NOVOS HORIZONTES NO SÉCULO 21!!!

 Contextualizando:/ Depois do insucesso da realização do tratamento fibrinolítico através de uma terapia descrita como “facilitada” em que após a imediata fibrinólise o paciente seria encaminhado para a sala de hemodinâmica para a realização de angioplastia (Estudo ASSENT-4 PCI – 2006), foi introduzido na última década um novo modo de tratamento com os fibrinolíticos descrito como terapia fármaco-invasiva.

 Terapia fármaco-invasiva: Realização precoce do uso de fibrinolítico (centro sem hemodinâmica) com posterior encaminhamento do paciente para a complementação da investigação de forma invasiva. Nesse caso com um paciente possivelmente mais estável e com a artéria relacionada ao infarto (ARI) com algum grau de reperfusão (fluxograma a seguir…)

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Agora é colocar em prática todo esse conhecimento. Bons estudos e até o próximo artigo.

Dr. Halsted Alarcao Gomes Pereira da Silva

– Médico da UCO e de Unidade Pós Operatório
– Especialista em ECOCARDIOGRAFIA BÁSICA, AVANÇADA E ECOCARDIOGRAFIA TRANSESOFÁGICA
– Especialista em CARDIOLOGIA pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

1. Piegas, Luís Soares et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 105, n. 2, p. 1-121, 2015.

2. Kastrati A, Caforio ALP, Bucciarelli-Ducci C, Varenhorst C, Prescott E, Crea F, et al. 2017 ESC Guidelines for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation: The Task Force for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J [Internet]. 2017 Aug 26;39(2):119-77. Available from: https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehx393

3. Armstrong PW, Gershlick AH, Goldstein P, Wilcox R, Danays T, Lambert Y, et al. Fibrinolysis or Primary PCI in ST-Segment Elevation Myocardial Infarction. N Engl J Med [Internet]. 2013 Mar 10;368(15):1379-87. Available from: https://doi.org/10.1056/NEJMoa1301092