IAM com SUPRA, uma emergência médica… Como devo tratar?

CardioAula - Médico escrevendo coração de ECG

No artigo anterior, vimos o que mudou em relação ao atendimento inicial. Hoje falaremos um pouco sobre ANGIOPLASTIA, sendo SEMPRE o tratamento de preferência quando disponível. A seguir o que há de novo sobre este tratamento.

Tratamento percutâneo:

– O pilar do tratamento do IAM com supra-ST é a reperfusão imediata da artéria obstruída, o que pode ser feito por fibrinólise (Trombolítico) ou angioplastia primária.

– Os termos antigos como “porta” deve ser substituído por “primeiro contato médico” e balão pelo termo “wire crossing” ( Passagem do fio – Tempo entre o primeiro contato médico até a angioplastia – ATC ).

– Se a estimativa para ATC for superior a 120 min (Incluindo a transferência hospitalar) prefira a fibrinólise. Do contrário, se o tempo estimado for menor que 120 min, a angioplastia é a escolha.

– A meta ideal de angioplastia é de 60 minutos em hospitais com hemodinâmica 24 horas/ 7 dias por semana e de 90 minutos se for realizar a transferência. Admite-se perder no máximo 30 minutos no transporte.

Na opção da angioplastia primária, algumas novidades:

– O acesso preferencial é o radial (Algo que vai ser novamente debatido após os achados do estudo SAFARI-STEMI publicado no ACC 2019 que não encontrou a superioridade do acesso radial sobre o femoral nos dias atuais).

– A recomendação para stent farmacológico é colocada como nível I de evidência.

– Não é recomendada a aspiração dos trombos como rotina.

– Deve-se preferir a estratégia de revascularização completa, isto é, tratando o vaso culpado (IRA, infarct related artery) e outras lesões significativas (≥ 70% obstrução) presentes ( O que não está claro é se vale a pena tratar todas as lesões na angioplastia primária ou se seria melhor esperar “um segundo tempo”  idealmente após uma avaliação funcional se disponível ).

Há uma situação em especial que devemos detalhar, o Choque cardiogênico:

– Em junho de 2018 a ESC publicou uma atualização baseada nos resultados do CULPRIT-SHOCK, que mostrou que neste grupo de pacientes deve-se apenas abrir a lesão culpada pelo IAM, e as demais deixadas para segundo momento. O objetivo seria permitir um procedimento mais rápido a fim de dar suporte à má perfusão sistêmica.

Resumindo então, devemos seguir o seguinte fluxo de atendimento…

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Figura 1 – Adaptado de Kastrati e cols.

Bons estudos e até a próxima…

Dr. Horacio Eduardo Veronesi

– Formado em Medicina pela Universidad Nacional de Rosario (Arg)
– Residência em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP)
– Residência em Ecocardiografia pelo Instituto Nacional de Cardiologia (RJ)

Referências:

Kastrati A, Caforio ALP, Bucciarelli-Ducci C, Varenhorst C, Prescott E, Crea F, et al. 2017 ESC Guidelines for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation: The Task Force for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J [Internet]. 2017 Aug 26;39(2):119-77. Available from: https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehx393
*Faludi, André Arpad, et al. “Atualização da diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose-2017.” Arquivos brasileiros de cardiologia 109.2 (2017): 1-76.