IAM COM SUPRA: ATENDIMENTO INICIAL SEGUINDO AS DIRETRIZES MAIS ATUAIS

CardioAula - Médico escrevendo coração de ECG

O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a principal causa de morte no Brasil (8,8% dos óbitos em 2012) e no mundo. O infarto com supra do segmento ST (IAMSST) representa cerca de 1/3 dos casos com cerca de 50% de mortalidade pré-hospitalar e 5-8% de mortalidade intrahospitalar. Dado sua prevalência e gravidade é essencial que todo cardiologista saiba sua identificação e manejo de forma mais correta possível já que nesse cenário a máxima “tempo é músculo” deve ser a regra.

Devemos seguir um rigoroso protocolo de dor torácica no qual os tempos devem ser respeitados ( Sempre!!!).

1. Em 10 minutos devemos ter – Avaliação clínica direcionada e ECG de 12 derivações realizado e interpretado.

Lesão subepicárdica ( “Supra”): elevação do ponto J e do segmento ST, em duas derivações contíguas que exploram a região envolvida, de pelo menos 1 mm no plano frontal e precordiais esquerdas.

Para as derivações precordiais V2 e V3 considerar supradesnivelamento ST:

1. Em mulheres de qualquer idade ≥ 1,5 mm

2. Em homens acima de 40 anos ≥ 2,0 mm

3. Em homens abaixo de 40 anos ≥ 2,5 mm

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Figura 1 – critérios para “supra de ST” em V 2 e V3

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– Em caso de eletrocardiograma atípico ( BRD e BRE presumivelmente novo, ritmo de marcapasso, infarto dorsal – lembrar de realizar as derivações V7, V8 e V9, supra de AVR e infarto em que há no ECG o infra do segmento ST em 8 ou mais derivações – suspeita de lesão de tronco de coronária esquerda) deve-se realizar a estratificação invasiva com Cineangiocoronariografia precoce para confirmação diagnóstica e tratamento se necessário ( não há nesse caso a referência sobre fibrinólise).

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2. Prosseguindo o tratamento devemos seguir o clássico acrônimo MONABCH ( seguindo as indicações e contraindicações de cada terapia ).

 M: morfina (2-4 mg por dose)

 O: oxigênio (O mínimo necessário para manter saturação ≥ 90%)

 N: nitrato Cuidado com inibidores de fosfodiesterase-5. Sildenafil e Vardenafil: 24 horas antes / Tadalafil: 48 horas antes)

 A: ácido acetilsalicílico (165-325 mg – Mastigar / Evitar o uso de AAS tamponado – absorção errática)

 B: betabloqueadores (Preferir Carvedilol, Bisoprolol, Succinato de Metoprolol e Nebivolol em caso de FEVE ≤ 40%)

 C: inibidores dos receptores P2Y12 (Antiagregantes plaquetários – Ticagrelor, Prasugrel e Clopidogrel)

 H: heparina ( Heparina não fracionada, Bivalirudina e Heparina de baixo peso molecular

– HBPM agora é classe IIA – estudo ATOLL)

Como novidades temos:

 Oxigênio suplementar é reservado para pacientes com hipoxemia (oximetria de pulso < 90% ou PO2 < 60 mmHg).  Cautela com o uso de morfina já que há descrição de que seu uso pode acarretar redução da absorção e do início da ação dos inibidores da P2Y12. MUITA COISA NOVA NÃO É MESMO...BONS ESTUDOS E ATÉ A PRÓXIMA. Dr. Halsted Alarcao Gomes Pereira da Silva

– Médico da UCO e de Unidade Pós Operatório
– Especialista em ECOCARDIOGRAFIA BÁSICA, AVANÇADA E ECOCARDIOGRAFIA TRANSESOFÁGICA
– Especialista em CARDIOLOGIA pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

Referência:

1- ESC GUIDELINES FOR THE MANAGEMENT OF ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION IN PATIENTS PRESENTING WITH ST-SEGMENT ELEVATION – 2017