HBB contesta suspensão de residência médica

A direção do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) informou nesta terça-feira que vai recorrer na Justiça da decisão da Comissão Nacional de Residência Médica de suspender a residência em cardiologia da instituição.

O diretor do Hospital de Base, José Carlos Quináglia, criticou o descredenciamento da residência médica. “A questão do abastecimento, que às vezes dificulta o tratamento dos pacientes e nos angustia, depende da Secretaria de Saúde. Nesse ponto, achamos que o hospital deveria ter uma autonomia maior e pudesse gerir seus próprios recursos”, explicou.

Segundo Quináglia, com a verba proveniente do SUS, o hospital poderia suprir suas deficiências financeiras, inclusive a de abastecimento. “Alguns residentes agiram junto à Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) do Ministério da Educação de forma arbitrária e autoritária. Ambos nem quiseram ouvir o hospital”, disse.

O diretor do HBB afirma que em agosto, parte dos problemas serão resolvidos pois os pacientes do pronto-socorro do HBB serão divididos com o Hospital Regional da Asa Norte (Hran). “Não dá para resolver todos os problemas em um curto período, mesmo porque o Hran está em reforma. Mas já reestruturamos alguns problemas como a troca do chefe de cardiologia e de cirurgia cardíaca”, observou.

De acordo com o vice-presidente da Associação Brasiliense de Médicos Residentes (Abramer), Márcio Coutinho, desde dezembro do ano passado, todos os programas de residência médica do DF estão sob diligência. “A CNRM deu um prazo de três meses para o hospital melhorar as condições de trabalho, mas essas medidas não foram tomadas pela Secretaria de Saúde”, observou.

O presidente da Abramer, André Meireles, acrescenta que concorda com a atitude da Comissão e relata que a maioria dos residentes da cardiologia, cerca de seis médicos, colaboram com a decisão ao enviarem um documento sobre a atual situação da residência no HBB. “Com as condições de trabalho passadas pela Secretaria nesse momento, como a falta de material, de recursos, equipamentos e de manutenção, a chance é de que a Comissão Nacional vistorie o DF e no fim da intervenção faça um descredenciamento em massa”, afirmou.

Avaliação
Para o diretor do Departamento de Residência e Projetos Especiais na Saúde da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC e secretário-executivo da CNRM, Antônio Carlos Lopes, desde outubro de 2004 o HBB tem passado por vistorias do Conselho Nacional e em março deste ano o prazo para realizar as melhorias acabou. “Na semana passada levamos o caso ao Plenário junto ao documento dos residentes. Depois de muita discussão, foi tomada a decisão de descredenciar a residência. Tudo foi feito com muito critério e estudo”, afirmou.

O professor Antônio Lopes ressalta que todos os médicos residentes serão remanejados para outros programas de residência médica em outros estados. “Eles não serão transferidos para o INCOR/DF, pois é um hospital novo e temos que treinar direito os nossos futuros médicos”, explicou.

Ajuste
Antônio Carlos Lopes observa que o CNRM poderá reverter a suspensão do Hospital de Base de Brasília, caso o hospital se enquadre nas normas da residência. O HBB, que teve suspensa a autorização para residência médica na área de cardiologia, pode pleitear o recredenciamento até o fim deste ano. A proposta será julgada por uma plenária composta por nove pessoas, entre membros da Associação Médica Brasileira, do Ministério da Saúde, do Conselho Federal de Medicina, da Associação de Médicos Residentes e do Ministério da Educação (MEC). “A residência médica busca a excelência, seriedade e um médico bem formado”. Os hospitais descredenciados pela CNRM têm dois anos para pleitear o recredenciamento, que será avaliado pela CNRM e pelos conselhos regionais”, disse.

Quanto à decisão do HBB levar o caso à Justiça, Lopes comenta que é a primeira vez que isso acontece no âmbito médico. Ele conta que no ano passado vários programas de residência foram fechados em outros estados devido à falta de estrutura dos hospitais. “É preciso ver a realidade. Não descredenciamos o HBB à toa. As bolsas oferecidas aos residentes são de estudo e não de prestação de serviço”, rebateu. O vice-presidente da Abramer concorda com o professor e complementa: “O programa não deve existir enquanto as correções exigidas não forem sanadas”.

Fonte: Correio Web