Estudo sugere novas abordagens para tratar a esclerose múltipla

Segundo pesquisa alemã, a transfusão de determinadas células do sistema de defesa pode ser opção de terapia para essa e outras doenças autoimunes

Uma descoberta feita por pesquisadores da Universidade Johannes Gutenberg, na Alemanha, pode ajudar a compreender os mecanismos pelos quais a esclerose múltipla, uma doença autoimune cuja causa é desconhecida e para a qual não há cura, atinge uma pessoa. Segundo os especialistas, as células dendríticas, que pertencem ao sistema imunológico e que antes foram apontadas como uma das causadoras da condição, além de não desencadear o problema, podem ainda proteger um indivíduo contra a esclerose. Essas conclusões foram relatadas em um artigo publicado nesta semana no periódico Immunity

Os pesquisadores explicam que a esclerose múltipla é desencadeada quando os linfócitos T, glóbulos brancos do sistema imunológico, são ativados. Sabe-se que quem ativa esses linfócitos são determinadas células apresentadoras de antígenos (APC), que são reconhecidas pelos próprios linfócitos T. As células dendríticas são APC, mas não era totalmente certo se elas eram do tipo que provoca a doença, como apontou outros estudos.

De acordo com essa nova pesquisa, o que ocorre é o contrário. Em testes feitos com camundongos suscetíveis à esclerose múltipla, os cientistas retiraram as células dendríticas dos animais. Eles observaram que, mesmo assim, eles continuaram predispostos à doença e ainda apresentaram piores respostas autoimunes e uma maior incidência de outras doenças. “Nossas descobertas sugerem que as células dendríticas mantêm a imunidade sob controle. Portanto, transferir essas células a pacientes não só com esclerose múltipla, mas também com outras doenças autoimunes, pode ser uma nova forma eficaz de tratá-los”, diz Ari Waisman,