Cremesp reprova 38% dos futuros médicos

Pelo segundo ano consecutivo, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promoveu o exame de avaliação dos estudantes do último ano dos cursos de Medicina. A participação na prova não é obrigatória, nem é pré-requisito para o exercício da profissão, mas os resultados, divulgados recentemente, não são animadores: dos 688 participantes, 261 (38%) não conseguiram acertar 60% das questões da primeira fase e passar para a segunda. Dos 427 aprovados, 265 fizeram a segunda prova e todos eles conseguiram a aprovação.

Em relação a 2005, houve um aumento de 7% no índice de reprovações. O curso mais bem colocado, entre as faculdades com mais de 20 universitários na prova, foi a Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, com média de 83,74%. Em Campinas, 75 dos 80 formandos da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) compareceram ao exame. A universidade foi a sétima melhor do Estado, com média de 72,88%. Apenas dois alunos dos 114 do último ano da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fizeram a prova e acertaram 94%.

A avaliação é restrita ao Estado e a média de acertos na primeira fase foi de 74,61% (em 2005 foi de 75,68%). Já na segunda etapa, a nota média foi de 7,29 (de 10).

O secretário de Saúde de Campinas, o médico José Francisco Kerr Saraiva, considera o índice de aprovações insatisfatório. “O que preocupa é que todos esses médicos, mesmo sem bons resultados no exame, podem exercer a profissão”, afirma.

Médico sanitarista e conselheiro do CRM em Campinas, Moacyr Esteves Perche acredita que o resultado é um alerta para as faculdades de medicina e contra a abertura de novos cursos. “Precisamos melhorar a formação dos médicos”, destaca. Ele também ressalta que o exame é oportuno para apontar deficiências e áreas que precisam de reformulações. “As faculdades podem fazer uma avaliação nas áreas em que tiveram resultados mais baixos e propor modificações curriculares”, explica.

Essa também é a opinião da médica e professora da PUC-Campinas, Maria Aparecida Baroni. “É difícil avaliar o ensino médico pelo exame, pois o número de participantes por escola é muito heterogêneo. No entanto, os alunos, de um modo geral, estão tendo pouco contato com a prática, com os pacientes. Isso é um agravante e se expressa, em parte, nos baixos resultados”, pondera.

Marina Rosa Rocha e Paulo Teixeira Garcia são residentes em clínica médica no Hospital e Maternidade Celso Pierro. Ambos foram aprovados no exame. “Achei a prova interessante e bem formulada. Como eu já tinha um bom contato com a prática, não foi difícil”, diz ela. Já ele ressalta que a prova foi importante para avaliar o conhecimento adquirido durante a faculdade e que foi preciso relembrar, principalmente, o contato com os pacientes para resolver as questões.

Fonte: Cosmo Online