Competitividade estimula médicos a facilitarem a vida dos pacientes

Alice Kissel, 58, paciente de asma há um bom tempo, fica indignada quando se lembra das bruscas recepcionistas e das horas de espera para visitar um médico em seu antigo seguro saúde na Califórnia. “Você se sentia uma ovelha de rebanho percorrendo um caminho traçado”.

Mas alguns anos atrás, ela mudou para Whitehouse, uma pequena cidade no nordeste do Texas. Agora, Kissel possui uma médica familiar que a conhece e que, apesar de possuir uma próspera experiência na área, parece nunca estar ocupada para ela. “Tudo o que eu preciso fazer é ligar, e eu vou pra lá e ela cuida de mim”, disse.

A médica de Kissel, Melissa Gerdes, é uma das médicas que alteraram suas agendas para melhor cumprir a necessidades dos pacientes. Para médicas como Gerdes, trata-se simplesmente de um bom negócio.

Esses médicos sabem que assim como entrar em consultórios médicos e em clínicas do mercado cria uma nova competição, e que os encolhidos benefícios do seguro saúde significam que os pacientes estão pagando mais de seu próprio bolso, a medicina de cuidado familiar é, mais do que nunca, o negócio do serviço prestado ao consumidor. “A questão são os pacientes – fazer as pessoas ficarem e permanecerem bem”, disse Gerdes.

Sociedades profissionais de médicos e residentes familiares estão incentivando seus membros a fugirem da tradição facilitando a agenda de consultas – ou até abrindo mão das consultas, no caso de pacientes a pé que necessitem de atenção imediata.

No consultório de Gerdes, a inovação inclui consultas diárias na hora de almoço, quando pacientes que telefonaram naquela manhã podem vir para a averiguação de problemas rotineiros que exijam atenção imediata. Eles têm a garantia de serem examinados, tratados da forma como precisam ser, no período de meia hora. O preço varia de US$ 52 a US$ 60, que é coberto pelo seguro saúde.

No lugar de super-lotarem suas agendas, como os médicos fizeram por muito tempo para maximizar os negócios, alguns médicos estão atualmente deixando até 70% de suas agendas diárias disponíveis para os pacientes que ligarem antes da 1h da tarde em busca de uma consulta para o mesmo dia, disse o dr. Michael S. Barr, vice-presidente da Escola Americana de Médicos.

Apesar de os médicos porventura temerem a perda de dinheiro se o horário mais caro do consultório ficar vazio, pesquisas feitas por alguns grupos médicos apuraram o oposto. O número de visitas a consultórios caiu levemente, mas os lucros cresceram ao passo que pacientes satisfeitos tiveram mais tempo para discutir mais amplamente os seus problemas, que até então os médicos tratavam e recebiam sua recompensa.

Fonte: The New York Times