Cientistas detectam cinco variações genéticas relacionadas ao câncer de próstata

A descoberta de cinco variações genéticas hereditárias ligadas a um tipo câncer de próstata mais agressivo abre o caminho para um exame sanguíneo capaz de distinguir entre os tumores mais perigosos e os de evolução mais lenta, segundo um estudo publicado nessa terça-feira (16).

Os biomarcadores podem distinguir entre os pacientes com um tumor de próstata latente e aqueles que sofrem um câncer de próstata mais agressivo, explicou Janet Stanford, autora principal deste estudo clínico, e coordenadora do programa de pesquisas sobre o câncer de próstata do Centro Hutchinson.

– Enquanto estudos prévios sugeriam que as características genéticas são determinantes no desenvolvimento deste câncer, esta pesquisa é a primeira a estabelecer o papel das variações genéticas específicas na mortalidade.

Os participantes portadores de quatro destas cinco variações apresentaram risco 50% maior de morrer de câncer de próstata do que aqueles com duas mutações ou menos.

– Estes marcadores podem ser utilizados clinicamente com outros indicadores já conhecidos de câncer de próstata para avaliar a agressividade do tumor, como a pontuação de Gleason, e identificar os homens com risco elevado.

O Centro Hutchinson apresentou um pedido de patente para estes cinco marcadores.

Atualmente, um número elevado de homens, especialmente os de mais idade, com tumores de próstata de evolução lenta e baixa probabilidade de morrer, são submetidos a tratamentos desnecessários, como a eliminação da glândula, sendo expostos a efeitos colaterais como impotência sexual e incontinência urinária, segundo os autores desta pesquisa.

Além disso, estes tratamentos desnecessários têm um alto custo econômico, avaliado de dois a três milhões de dólares ao ano nos Estados Unidos.

– Decidimos estudar as variações nos genes que desempenham potencialmente um papel-chave nos processos biológicos que podem contribuir para o avanço do câncer de próstata, como a inflamação, a produção de esteróides, o metabolismo, a reparação do DNA, o ritmo circadiano e a atividade da vitamina D.

Para este estudo, os cientistas, inclusive os que trabalham no Instituto Nacional do Câncer (NCI, na sigla em inglês), analisaram o DNA das amostras de sangue de um grupo de 1.309 homens de Seattle (Washington, noroeste) com câncer de próstata e de 35 a 74 anos no momento do diagnóstico.

Os cientistas estudaram 937 alterações em 156 genes. Vinte e duas destas variações parecem estar relacionadas com a mortalidade por este câncer.

Os autores do estudo analisaram estas 22 variações genéticas em outra população de 2.875 homens na Suécia de 35 a 74 anos e com câncer de próstata.

Eles descobriram que cinco destas variações no DNA se associam fortemente com a mortalidade por câncer de próstata.

Uma proporção muito maior de doentes morreu de câncer no grupo da Suécia (17,4%), em comparação com o de Seattle (4,6%), durante um período de acompanhamento de seis anos e meio.

Esta diferença nas taxas de mortalidade corresponde às taxas nacionais dos Estados Unidos e da Suécia: os suecos morrem quase quatro vezes mais de câncer de próstata que os americanos.

O câncer de próstata é o tipo de câncer mais comum entre os homens, depois do câncer de pele, e tem aumentado fortemente nos últimos anos.

Em 2010, nos Estados Unidos, 217.730 novos casos foram diagnosticados e 32.050 homens morreram vítimas desta doença.