Cientistas criam nova técnica para deter vírus da hepatite C

A terapia, ainda em estudo, consiste em bloquear o ciclo de vida do vírus, fazendo com que ele deixe de se espalhar e de causar mais danos ao fígado

Pesquisadores da Universidade da Columbia Britânica encontraram uma nova maneira de bloquear a infecção do vírus da hepatite C (HCV) no fígado, uma descoberta capaz de trazer novas terapias para as pessoas infectadas com a doença.

“Quando o HCV infecta uma pessoa, ele precisa de gotículas de gordura no fígado para formar novas partículas virais”, diz Jean François, professor do Departamento de Microbiologia e Imunologia da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá. “O processo faz com que a gordura se acumule no fígado, levando a uma disfunção crônica do órgão.”

“O vírus da hepatite C está em mutação constante, o que torna difícil o desenvolvimento de terapias antivirais que tenham como alvo o próprio vírus”, diz Jean. “Então decidimos tentar uma nova abordagem.”

Jean e sua equipe desenvolveram um inibidor que diminui o tamanho das gotículas de gordura nas células hepáticas e faz com que os vírus não desenvolvam resistência, deixem de se multiplicar e de infectar outras células. “Nossa abordagem consiste em bloquear o ciclo de vida do vírus, de modo que ele deixe de se espalhar e de causar mais danos ao fígado”, diz Jean. A nova abordagem foi descrita e publicada pela revista cientítifca PLoS Pathogens.

De acordo com Jean, o vírus da hepatite C é um dos vários tipos de vírus que necessitam de gordura para replicar no organismo humano. Para ele, a nova abordagem para reduzir a replicação do HCV pode se traduzir em novas terapias que poderiam ser usadas em outras doenças, como é o caso do vírus da dengue.

Mais de 170 milhões de pessoas no mundo sofrem de hepatite C, doença que é uma das principais causas de câncer de fígado. A doença é transmitida pelo sangue e não existe vacina para evitá-la

Novos medicamentos – No Brasil, chegaram duas novas drogas conhecidas como antivirais de ação direta – o boceprevir e o telaprevir. Os novos medicamentos são capazes de curar entre 70% e 75% dos pacientes.

Até pouco tempo atrás, os pacientes com hepatite C eram tratados com interferon, um quimioterápico que estimula o sistema imunológico, associado ao antiviral ribavirina, com taxas de cura entre 40% e 45%. A partir do lançamento das novas drogas, o tratamento será feito com terapia tripla – os dois já existentes combinados com as novas drogas.

FONTE:VEJA.COM