Brasil vai testar superpílula que reduz risco de infarto e derrame em 60%

Uma superpílula, que reunirá num único comprimido quatro medicamentos para combater as doenças cardiovasculares deve ser testada em 22 hospitais do país em quatro meses. Estudos iniciais, feitos no Brasil pelo HCor (Hospital do Coração), em São Paulo, indicaram que a polipílula reduziu em até 60% os riscos de uma pessoa sofrer infarto ou acidente vascular cerebral (AVC,o derrame), além de controlar o colesterol e a pressão arterial.

O multicomprimido combina duas substâncias para o controle da pressão arterial, uma que atua sobre o colesterol e outra que evita o entupimento dos vasos sanguíneos do coração. Comprovada a função preventiva do remédio, agora os pesquisadores irão verificar como ele age em pacientes que já tiveram problemas cardiovasculares.

E o Ministério da Saúde já aguarda esses resultados para incluir o medicamento na lista de remédios distribuídos gratuitamente – o que deve ocorrer em 2013. No país, as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte.

Cerca de 2.000 pacientes brasileiros que já tiveram infarto ou derrame testarão o produto, por 18 meses, nessa segunda fase de pesquisa. Outros cinco países também participarão dessa etapa. Otávio Berwanger, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração e coordenador nacional da pesquisa, diz que na previsão “mais pessimista”, o tratamento experimental com pacientes deve começar em outubro ou novembro.

Ao todo, 8.000 pessoas receberão o remédio multifuncional no mundo, diz Berwanger.

– Estamos na fase regulatória nos comitês éticos hospitalares e na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e aguardamos a aprovação.

Ele conta que os resultados da primeira fase, da qual participaram 400 voluntários, animaram os especialistas. Na ocasião foram avaliadas pessoas com risco cardiovascular moderado.

– Consideramos “moderados” os pacientes que nunca sofreram infarto ou AVC, mas têm predisposições, como fumo, sedentarismo, obesidade ou pressão alta.

Os primeiros estudos sobre a superpílula começaram em 2006. Além de reduzir o risco cardiovascular dos pacientes, controlando a pressão e as taxas de colesterol, o remédio não oferece ações adversas diferentes daquelas já esperadas para o tratamento convencional desse grupo – náuseas, dores de estômago e cabeça, além de sangramentos.