Artigo NEJM 2019: Tratamento em pacientes assintomáticos de Estenose Aórtica

Hoje vamos nos atualizar sobre uma das valvopatias mais frequentes e interessantes na prática clínica: a Estenose Aórtica.

E vamos tratar sobre um interessante artigo publicado no NEJM 2019 sobre o tratamento em pacientes assintomáticos, assunto até a pouco sem grandes dados de trabalhos randomizados.

Porém, antes de começar é bom rever alguns dados sobre essa interessante valvopatia.

Valvopatia de grande interesse devido a sua crescente prevalência na população mundial.

Desde sua descrição original em 1904, ela mudou muito sua etiologia de base.

Assim como a sua intrínseca relação com os processos inflamatório /ateroscleróticos presentes em sua progressão.

Mas, como definir a evolução dos pacientes com estenose aórtica em relação ao prognóstico??? O grande Dr. BRAUNWALD veio nos ajudar em relação a essa avaliação.

Sobrevida média após o início de angina: 5 anos.

Sobrevida média após o início de síncope: 3 anos.

Sobrevida média após o início de dispneia: 2 anos.

Mas é importante notar que esse clássico trabalho foi baseado em um estudo com apenas 12 pacientes (mas foi um grande norte seguido até hoje entre os cardiologistas).

Perfeito! Entendi que quando o paciente apresentar sintomas temos uma excelente indicação para tratamento. E os pacientes assintomáticos?

Vamos ver o que as diretrizes nos orientam:

Para indicação de tratamento os pacientes devem ser classificados em estágios C2 ou D da classificação da AHA 2014 (aceita pelas principais diretrizes – incluindo a SBC).

Então sabemos que pacientes assintomáticos com fatores de gravidade (redução da fração de ejeção, gradiente médio e velocidade máxima altos, reduzida área valvar e aumento de BNP) apresentam algum benefício de tratamento. Mas, essas indicações foram baseadas em que? Basicamente em registros sendo que um dos maiores foi o HAVEC database.

Por isso, o nível de evidência B e C nas diretrizes. Agora sim chegamos ao ponto de interesse. Daí a grande importância desse artigo que vamos discutir agora.

145 pacientes: cirurgia vs. tratamento clínico em pacientes assintomáticos (teste ergométrico realizado em alguns pacientes para desvendar sintomas) – acompanhamento de 4 e 8 anos.

Vamos ao baseline:

64 anos / euroscore baixo / valva bivalvular predominante / fração de ejeção preservada / área valvar média abaixo de 0,6 cm².

O que deu de resultado afinal?

Leia a descrição “Ipsis Litteris” do artigo:

É claro que sim!

Realmente ao avaliar essa sucinta revisão percebemos o quanto já evoluímos em relação a indicação de tratamento e o quanto ainda estamos em progresso. Pelo parecer do futuro em investigação os pacientes assintomáticos logo vão estar com maior frequência em nossas enfermarias de valvopatias aguardando tratamento definitivo.



Dr. Halsted Gomes

  • Médido da UCO e de Unidade pós operatório
  • Especialista em Ecocardiografia Básica, Avançada e Ecocardiografia Transesofágica
  • Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.