Complicações embólicas da Endocardite

Hoje iremos falar sobre endocardite, e mais precisamente sobre as complicações embólicas com o objetivo de tentar “prever” esta complicação grave.

Para lembrarmos alguns conceitos, iremos ter como base o Guideline de 2015 da ESC:

A Profilaxia Antibiótica realizada em Pacientes de Alto Risco (IIA) nos procedimentos dentários (gengiva, periapical, perfuração mucosa oral) nos sinaliza quais pacientes devemos estar sempre atentos.

– Prótese Valvar, material protético no reparo valvar (Incluindo TAVI).

– Endocardite prévia.

– Cardiopatia Congênita Cianótica. Cardiopatia Congênita corrigida com material protético até 6 meses do procedimento ou indefinitivamente se persistir shunt ou regurgitação (lesão residual).

Procedimentos do trato respiratório (incluindo broncoscopia, IOT), Gastrointestinal (endoscopia, colonoscopia- ECO Transesofágico), Urogenital (cistoscopia, parto, cesárea), procedimentos de pele também são classe III.

Adendo: Discussões recentes sobre prolapso mitral (degeneração mixomatosa), (Diretriz Brasileira), Valva Aórtica Bivalvular geram dúvidas sobre profilaxia.

Para o diagnóstico de Endocardite Infecciosa utilizamos os Critérios de Duke Modificados, já amplamente conhecidos.

Interessante descrever o potencial diagnóstico assim como de complicações do PET/FDG no contexto das próteses valvares.

Dentro do contexto da Endocardite observamos também a importância da realização/sequência do Ecocardiograma Transtorácico e Transesofágico.

Sempre iniciar com o Transtorácico (ETT), assim como o Transesofágico irá complementar na maioria dos casos, não sendo indicado somente nos casos de ETT negativo e baixa suspeita clínica.

Resumo do papel da Ecocardiografia na Endocardite:

•  Avaliação Doença Cardíaca preexistente

•  Diagnóstico

•  Complicações

•  Acompanhamento – Prognóstico

Os preditores de pior prognóstico como vemos são múltiplos, e considerando a taxa de mortalidade elevada intra-hospitalar (cerca de 30%) é fundamental o rápido diagnóstico e prever a evolução destes pacientes.

Finalmente as indicações de cirurgia nos casos de Endocardite, e vemos que a prevenção de embolizações é uma delas.

Então vamos lá:

Esse artigo propõe um escore de risco ecocardiográfico ABCDE para avaliar risco de embolizações.

Até o momento o diâmetro da vegetação é o fator mais relacionado.

Por que o diagnóstico precoce é importante?

•  Redução da Mortalidade;

•  Redução de Custos;

• Evitar novos procedimentos: Cirurgia Geral, Neurocirúrgicos.

O ecocardiograma deve:

Definir a lesão (vegetação), a textura, o local de inserção, (menor pressão: borda atrial na valva mitral – borda ventricular aórtica), o movimento e relação com a valva/estrutura adjacente, o formato.

Na evolução poderão ser evidenciadas: o crescimento da vegetação; perfuração; abscesso, fístulas; deiscência de prótese, e as embolizações sistêmicas, isto através de outros métodos de imagem.

Finalmente o escore: Pontos de 1 a 4: soma mínimo 5 pontos – máximo 20 pontos.

1 0 pontos: 90% de probabilidade de embolização!

Amplitude de movimento da massa: desde fixas até massas prolapsantes.

Bactérias: desde quadro clínico subagudo até agudos, com destruição valva.

É importante destacar as hemoculturas negativas, que podem chegar a 26% aproximadamente.

Consistência: onde a presença de calcificação, diminui o risco de embolização.

Dimensão: > 20mm alto potencial emboligênico.

Extensão: em relação a valva e contiguidade.

Todo escore ou exame que possa reduzir mortalidade, complicações clínicas ou cirúrgicas devem ser consideradas para aplicação de nossa prática diária.

Clique AQUI para baixar artigo sobre as Complicações Embólicas na Endocardite Infecciosa.

Dr. Horacio Eduardo Veronesi

  • Formado em Medicina pela Universidad Nacional de Rosario (Arg)
  • Residência em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP)
  • Residência em Ecocardiografia pelo Instituto Nacional de Cardiologia (RJ)