ANTIARRÍTMICOS: DESVENDANDO O TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES ELÉTRICAS DO CORAÇÃO

CardioAula - Médico escrevendo coração de ECG

As arritmias atriais e ventriculares em suas múltiplas formas de apresentação foram e ainda são considerados um dos maiores desafios no manejo clínico dos pacientes sintomáticos com ou sem disfunção ventricular. Desde a origem da eletrocardiografia em 1902, pelo fisiologista holandês Willem Einthoven, nós podemos documentá-las de forma eficaz e rápida e consequentemente instituir o tratamento precoce se necessário.

Vamos hoje fazer uma breve revisão sobre os fármacos antiarrítmicos de modo a ter um melhor entendimento das suas principais indicações e dos seus mecanismos de ação.

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As medicações AA atuam através de canais iônicos específicos alterando temporariamente sua estrutura, dinâmica ou gatilho. Com essa atuação buscamos uma ação esperada sobre alguns mecanismos descritos abaixo:

 Excitabilidade celular

 Período refratário efetivo

 Condução elétrica

 Automatismo

Desse modo conseguimos bloquear umas das vias da arritmia cardíaca.

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Figura 1 – “Triggers” da arritmia e local de atuação no potencial de ação das classes dos antiarrítmicos (respectivamente)

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Apesar do uso corriqueiro das medicações AA na prática clínica nós devemos sempre ter cautela e manter o acompanhamento desses pacientes. Alguns exames devem ser solicitados de rotina antes do início da terapêutica:

 Hemograma completo

 Função renal

 Função hepática

 Eletrólitos (Lembrar: a hipocalemia (⬇ k+) aumenta o risco de arritmia em associação aos AA)

 Ecocardiograma quando existir suspeita de cardiopatia estrutural( Paciente com disfunção ventricular  FEVE<40% : Optar pelo uso de betabloqueadores indicados para insuficiência cardíaca e amiodarona)  Eletrocardiograma (Lembrar: toda medicação AA pode apresentar efeito pró-arrítmicos principalmente relacionados ao aumento do "intervalo QT" - monitorar esse intervalo durante o tempo de tratamento) Quer pesquisar as medicações que aumentam o intervalo "QT"... olhe aqui - (www.qtdrugs.org) Após essa revisão inicial conseguimos entender como os AA formam uma classe tão complexa e de sua real importância clínica no controle das arritmias cardíacas. No próximo POST veremos como manejar o seu uso em algumas situações especiais...até breve. Dr. Halsted Alarcao Gomes Pereira da Silva

– Médico da UCO e de Unidade Pós Operatório
– Especialista em ECOCARDIOGRAFIA BÁSICA, AVANÇADA E ECOCARDIOGRAFIA TRANSESOFÁGICA
– Especialista em CARDIOLOGIA pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

1- The Cardiac Arrhythmia Suppression Trial (CAST) Investigators. Preliminary report: effect of encainide and flecainide on mortality in a randomized trial of arrhythmia suppression after myocardial infarction. N Engl J Med 1989;321: 406-12.

2- Dan GA, Martinez-Rubio A, Agewall S, Boriani G, Borggrefe M, Gaita F, et al. Antiarrhythmic drugs-clinical use and clinical decision making: a consensus document from the European Heart Rhythm Association (EHRA) and European Society of Cardiology (ESC) Working Group on Cardiovascular Pharmacology, endorsed by the Heart Rhythm Society (HRS), Asia-Pacific Heart Rhythm Society (APHRS) and International Society of Cardiovascular Pharmacotherapy (ISCP). Europace 2018; 0: 1-42. doi: 10.1093/europace/eux373.