Alta hospitalar: Confira check list ao paciente com IAMSST

CardioAula - Médico escrevendo coração de ECG

Nos artigos anteriores vimos o atendimento inicial do paciente com IAMSST, seguido do tratamento por angioplastia ou fibrinólise. Agora falaremos sobre alta hospitalar. Devemos fazer um check list na alta, orientando ao paciente tanto no tratamento medicamentoso como na mudança de estilo de vida enfatizando na aderência ao tratamento

Fatores de Risco

 Cessação do tabagismo: Possivelmente a maior medida custo-efetiva na prevenção secundaria

 Dieta: Tipo Mediterrânea, consumo de sal < 5g/dia, limitar o consumo de álcool. Manter o peso conforme o Índice de Massa Corporal (IMC) entre 20 – 24,9kg/m2  Atividade física: Os programas de reabilitação e atividade esportiva devem ser individualizados, considerando o risco de complicações assim como grupos especiais (Idosos, Insuficiência Cardíaca, Diabetes)

 PAS: manter valores <140mmHg. Em pacientes com alto risco valores inferiores devem ser procurados. Em idosos ou pacientes frágeis, podemos ser menos agressivos quanto ao alvo

Tratamento Medicamentoso

 DAPT: Associado ao AAS, nos pacientes submetidos à angioplastia: a preferência são os novos inibidores da P2Y12, Ticagrelor ou Prasugrel sendo que o Cangrelor é uma opção com menor evidência. O tratamento preconizado e inicialmente por 12 meses. Em pacientes de alto risco aterosclerótico e baixo risco de sangramento (Score CRUSADE / PRECISE DAPT), o Ticagrelor pode ser mantido até 36 meses após o IAM.

 Estatinas em dose máxima devendo ser iniciadas nas primeiras 24 horas (meta de LDL < 50 mg/dl). Para os pacientes que permanecerem com LDL > 70 mg/dl a despeito de dose máxima de estatina (Atorvastatina 40-80mg/dia ou Rosuvastatina 20-40mg), as opções complementares são ezetimiba (10mg) e nos de alto risco inibidores PCSK9.

 Os betabloqueadores: devem ser iniciados precocemente, dando-se preferência para seu uso oral. Seu uso a longo prazo apresenta maior evidência principalmente quando a FEVE ≤ 40% (COPERNICUS, US-CARVEDILOL, CIBIS II, MERIT-HF e SENIORS).

 IECA/BRA: Iniciar nas primeiras 24hs em pacientes com FEVE =< 40%, ICC, HAS, DM ou infarto anterior. Quem não tolerar IECA, os BRA (preferência Valsartana) podem ser uma opção, como demonstrado no VALIANT trial  Mineralocorticoides: Recomendados em pacientes com FEVE <= 40%. Aqui é considerado o efeito de classe (Espironolactona disponível no Brasil) devido aos estudos EPHESUS e REMINDER, foram com eplerenone, em pacientes com FEVE reduzida e preservada respectivamente  Nitrato e Calcioantagonistas: Não devem ser prescritos de rotina ……Mas podemos dar alta precocimente??

CardioAula - Médico escrevendo coração de ECG

Um escore PAMII -II antigo e simples veio à tona para responder essa pergunta e nos demonstra que pacientes podem receber alta hospitalar em 48-72 horas com alguma segurança. ATENÇÃO! Todos os critérios devem ser preenchidos.

CardioAula - Médico escrevendo coração de ECG

 Lembrar: Devemos realizar novo Ecocardiograma 6 e 12 semanas após a alta hospitalar

Bons estudos e até o próximo artigo.

Dr. Horacio Eduardo Veronesi

– Formado em Medicina pela Universidad Nacional de Rosario (Arg)
– Residência em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP)
– Residência em Ecocardiografia pelo Instituto Nacional de Cardiologia (RJ)

Referência

 Borja Ibanez, Stefan James, Stefan Agewall, Manuel J Antunes, Chiara Bucciarelli-Ducci, Héctor Bueno, Alida L P Caforio, Filippo Crea, John A Goudevenos, Sigrun Halvorsen, Gerhard Hindricks, Adnan Kastrati, Mattie J Lenzen, Eva Prescott, Marco Roffi, Marco Valgimigli, Christoph Varenhorst, Pascal Vranckx, Petr Widimský, ESC Scientific Document Group, 2017 ESC Guidelines for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation: The Task Force for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation of the European Society of Cardiology (ESC), European Heart Journal, Volume 39, Issue 2, 07 January 2018, Pages 119-177, https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehx393

 PIEGAS, Luís Soares et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 105, n. 2, p. 1-121, 2015.

 FALUDI, André Arpad et al. Atualização da diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose-2017. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 109, n. 2, p. 1-76, 2017